A escravidão do século 21.

Era domingo, 22 de maio de 1888, data em que a princesa Isabel desceu para Petrópolis, pegou sua pena de ouro confeccionada especialmente para a ocasião e assinou a lei áurea dando liberdade aos escravos.

Mas, com resistência de alguns empresários, a escravidão não foi 100% abolida no Brasil, e ainda hoje, em pleno século XXI se faz possível descobrir sistemas de escravidão em lugares escondidos floresta adentro.

Mas desde a abolição, tem surgido no Brasil um novo tipo de escravidão onde funcionários são contratados para fazer um tipo de serviço específico e acabam sendo obrigados a fazer outras tarefas complementares que nada tem a ver com a função para a qual fora contratado.

Em uma rede de supermercados, por exemplo, descobri que além de operadores de caixa, os funcionários que exercem essa função também são obrigados a limpar o refeitório e manter a loja limpa.

Em uma rede de farmácias muito respeitada em Minas Gerais, os operadores de caixa recebem ainda mais funções, eles precisam atender os clientes na hora de pagarem as compras, vender produtos, solicitar doações, limpar a loja, manter uma sessão organizada, colocar preços nos produtos, e repor mercadorias quando na ausência do repositor.

Os dois exemplos acima são pequenos perto de tamanha exploração da qual os empregados brasileiros vem sendo acometidos. E o pior é saber que esses funcionários, na maioria das vezes ganham um salário mínimo ou até menos. Em uma empresa descobri que os funcionários ganham menos de um salário mínimo sob a justificativa de que os mesmos trabalham apenas 06h20min por dia e por isso esses funcionários não tem direito ao aumento do salário, o que demonstra o desrespeito dessas empresas com os poderes legislativo e judiciário do Brasil.

Previsto nas constituições brasileiras desde 1934 - Nenhum trabalhador poderá receber menos que o salário mínimo, e nem tampouco a redução prevista em convenção ou acordo coletivo pode atingir seu valor.

Atualmente, o Brasil tem sido destaque no mundo todo por ser um dos únicos países que não consegue preencher todas as vagas de emprego que são disponibilizadas. Mas é fácil observar que na maioria dos casos, os empresários querem pagar pouco, exigirem que os contratados façam multitarefas, além de exigirem algum tipo de experiência. Como esses empresários não conseguem preencher essas vagas porque os brasileiros tem se recusado a receber pouco por estarem em busca de uma vida mais digna, as empresas tem buscado no exterior pessoas para trabalhar nessas funções e ainda pagam mais para eles, como se os estrangeiros fosse melhores, mais dignos do que os brasileiros.

Evolução do salário mínimo no Brasil:
2012, janeiro - R$ 622
2011, março - R$ 545
2011, janeiro - R$ 540
2010, janeiro - R$ 510
2009, fevereiro - R$ 465
2008, março - R$ 415
2007, abril - R$ 380
2006, abril - R$ 350
2005, maio - R$ 300
2004, maio - R$ 260
2003, abril - R$ 240
2002, abril - R$ 200

Para se ter ideia de como o salário mínimo é defasado, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calculou que o brasileiro não poderia ganhar menos de R$2.398,82, para suprir suas necessidades básicas de alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Esse salário seria 3,86 vezes maior do que o atual que é de R$622,00.

Redação